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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

LAMENTAÇÃO






Peguei meu cachorro e fui dar umas voltas no quarteirão para espantar o desânimo e todo o mal estar que tínhamos todas as manhãs.

Caminhando, as lágrimas desciam pelo rosto cansado de lutar contra uma dura realidade: o desgaste de uma relação conjugal.

Chorando, lamentando, muitas chuvas passadas corriam pela minha mente triste. Blasfemei, perguntei a Deus onde Ele estava, quando me deixou chegar aquele ponto...

Já não tinha forças para dialogar, brigar, xingar, me perdi no emaranhado de nossas vidas sempre tão perturbadas.

Peguei-me ao “segredo”, e não vi relação com nada; naquela noite viajaríamos para São Paulo, para nos divertirmos, e, no entanto, o mal estar, o mal querer, não passava.

As lágrimas ainda rolavam no meu rosto, quando dobrei uma esquina, e me deparei com uma cena, que acredito, nunca mais vou esquecer.

Um homem estava dormindo na calçada, sujo, seu travesseiro era uma estopa, para se cobrir do sol, se encolhia debaixo de um carro de mão cheio de lixo, junto ao seu rosto, um cão, guardava o seu dono.

De repente, me senti pequenininha, mesquinha, frustrada, por perceber ali, alguém que sofria muito mais que eu, que precisava muito mais de Deus que eu.

Eu que tinha acabado de desfrutar de uma mesa farta de pães, queijos, café fresquinho, leite...

Eu, que acabara de acordar de uma cama gostosa, macia, forrada com lençol de puro algodão, travesseiros de penas de gansos...

Mas, eu estava ali, lamentando minha vida, perguntando onde estava Deus.

Como sou egoísta, como posso lamentar a vida que tenho dada por Deus, cogitar por Deus, pelo seu amor por mim, quando ali, diante de meus olhos, observo alguém precisando muito mais Dele. Vendo o quanto Deus está ocupado, cuidando daquelas pessoas tão mais necessitadas de carinho do que eu.

Perdoa-me meu Deus, por não ter crescido e não ter ainda aprendido a administrar a vida bela que tenho nas mãos.

Amém

Su Angelote