SU ANGELOTE POETANDO COM AS LETRAS De todas as farsas que me transformo prefiro a poetisa Que ama o desconhecido Acata o impossível E nunca teme o inevitável.
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domingo, 21 de junho de 2020
BOÊMIO ERRANTE
Boemia Carioca e trecho do poema Boêmio Errante.
UM POUCO DE MIM
O artista dos sentimentos, mesmo quando retrata aspectos
mais ousados do cotidiano, guia-se sempre pela imaginação para atingir o
objetivo da magia sugestiva.
Vivo em busca da harmonia da vida, da sutil engrenagem das
ficções breves e que, como recompensa, tento entrar e sair de diferentes mundos
imaginários, sem contudo deixar de vislumbrar o mais claro das relações
humanas: o descobrimento de uma realidade velada pelos telões da consciência.
Noto pelo correr de minhas anotações, que me tornei uma
mulher que percebeu em si mesma, um sentimento “novo” de amor, identificando-o como uma
manifestação da poesia da alma, poesia que fala da deriva dos sentimentos e,
cada um deles, com características próprias.
Minha manifestação poética depende de cada momento em que a
vida me impõe. É a arte particular e individual, que me deixa expressar de
maneira diversa.
Noto em meus poemas, uma expressão de unidade e multiplicidade,
fotografadas de maneira diversa e com feições próprias.
Reconheço ainda, a imposição de minha personalidade
explodindo em rebeldia aos padrões sociais impostos. Vejo meus poemas apontarem
para a ruptura com o pudorismo falso e superficial de alguns escritores, que
durante muito tempo, vem dominando a cena com suas histórias de mulheres
sofridas e com suas dramáticas cruéis, do homem como invasor do corpo da
mulher.
Desempenho, voluntariamente, uma função que outras
escritoras desdenharam e que tento preencher.
Buscar beleza passageira e fugaz da vida presente, o caráter
do que se pode chamar de obscenidade, buscar complementos para os vazios da
alma e do corpo mediante não só da beleza física, mas principalmente, mediante
talento de uma ordem mais rara.
Na verdade, não é para deleitar o leitor nem para
escandalizar, que coloco diante de seus olhos semelhantes imagens. O que torna
precioso a leitura de meus poemas e os inumeráveis pensamentos que despertam.
No entanto, na galeria imensa de tantos relatos, poemas e poesias, antevejo a
mulher carente, a mulher galante, a mulher errante, a mulher luxúria, a mulher
volúpia, mas vejo também, a mulher alma,
aquela que põe todo o seu engenho na construção do seu afeto.
Se dirigir o olhar ao horizonte, como animal, caçando, sinto
a mesma exaltação, a mesma distração indolente, outras vezes me vejo uma
espécie de boêmia errante nos confins de uma sociedade regular.
Frequentemente estranha, violenta, excessiva, mas sempre
poeticamente amante. Tentando pintar o sabor doce e amargo do vinho da vida.
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