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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

MEU INFERNO





Era uma noite como todas as que estávamos acostumados. Paulo já tinha ido deitar-se e eu ficara assistindo TV, ou melhor, a TV ligada e eu pensando no noticiário do dia seguinte. O final de semana da nossa pequena família já tinha nome: “Inferno”. Isso mesmo. Era um inferno esperar Pedrinho voltar de suas noitadas.

Pedro tinha 17 anos. Sempre fora um menino calmo e muito estudioso. Nosso filho era um ótimo aluno, concentrado em seus estudos e tinha bons amigos. Não foi difícil descobrir que ele estava usando drogas. Seu comportamento mudara. De menino calmo e carinhoso, passou a ser agressivo, mal educado e recolhido. Não conversava e nem pedia ajuda. Se nós o encontrássemos com a porta do quarto trancada, fazia o maior barulho. Pedia sossego e individualidade.

Começamos a procurar drogas em seus bolsos quando voltava das baladas e sempre encontrávamos resquícios de maconha e dos papelotes. Seu rendimento escolar caíra e já não se comunicava com ninguém.

Pedi ajuda na igreja, falei com pessoas centradas no assunto, mas sempre recebia a mesma resposta: interne o menino. Como eu poderia internar um filho no meu de tantos drogados? Não entendia que aquilo seria a sua salvação. Meu marido não entendia, e começamos, também, a nos afastar dos amigos e parentes. Começamos a adoecer junto com o nosso filho.



Uma noite, Pedro saiu com um amigo que foi apanhá-lo em nossa casa. Tinha um carro bonito e fala mansa. Perguntei aonde eles iam, mas de resposta apenas um resmungo de meu filho. A madrugada chegou e ele não apareceu. Fiquei na janela de nosso apartamento vendo o dia clarear preguiçosamente e sem notícias do meu filho. Quando Paulo levantou-se me indagou o porquê de eu ter acordado tão cedo.

- Na realidade ainda não dormi. Pedro não voltou para casa.

Poucos minutos bastou para o telefone tocar. Era do Hospital. Pedro tinha sido socorrido em estado de coma. Corremos para o hospital em desespero. Nunca pensei que receberíamos uma notícia dessas nas primeiras horas da manhã. É verdade que vivíamos alerta esperando os noticiários, para o caso do nosso filho não voltar para casa, mas agora que aconteceu, parecia um pesadelo.

Na recepção fomos informados que ele teve uma parada cardiorrespiratória e alguém o deixou na emergência do hospital.

O médico apareceu e eu perguntei:

- Qual o diagnóstico de meu filho, doutor? Por favor, não nos esconda nada.

- Seu filho morreu!



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